A eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcada para este domingo, 26 de maio, ocorre em meio a uma crise sem precedentes na história da entidade. Um total de 20 clubes das Séries A e B anunciou que não participará do pleito, em protesto contra um processo eleitoral que consideram antidemocrático, excludente e sem transparência.
Em uma nota conjunta, os clubes — entre eles Corinthians, Flamengo, São Paulo, Fluminense, Cruzeiro, Internacional, Santos, Fortaleza, Cuiabá, Juventude, Sport e Mirassol — afirmam que a decisão de boicotar a eleição é um ato de repúdio ao modelo de governança da CBF. Eles exigem uma reforma no estatuto da entidade, que hoje privilegia as federações estaduais, responsáveis por dois terços dos votos, contra apenas um terço destinado aos clubes.
A eleição tem como único candidato Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol, que registrou a chapa “Futebol para Todos: Transparência, Inclusão e Modernização” com apoio de 25 federações estaduais e dez clubes, incluindo Botafogo, Palmeiras, Grêmio e Vasco. A ausência de adversários foi viabilizada após a desistência de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, que não conseguiu reunir o apoio necessário para formalizar sua candidatura.
Quem é Samir Xaud?
Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol, é o único candidato na disputa. Aos 41 anos, é médico, empresário e herdeiro de uma família ligada ao futebol local — seu pai, Zeca Xaud, comandou a federação de Roraima por quatro décadas. Xaud se apresenta como uma alternativa de “renovação” e promete uma gestão de “transparência, inclusão e modernização”.
Sua candidatura foi aprovada pela comissão eleitoral da CBF e conta com o apoio de 25 das 27 federações estaduais e de dez clubes, entre eles Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Vasco, Remo, Paysandu, Amazonas, CRB, Volta Redonda e Criciúma.
A candidatura única foi viabilizada após a desistência de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, que não conseguiu reunir os apoios necessários para formalizar sua participação na disputa.
Contexto de instabilidade
A eleição ocorre após a destituição de Ednaldo Rodrigues, que teve seu mandato anulado pela Justiça do Rio de Janeiro devido a irregularidades no processo de recondução ao cargo. Desde então, a CBF vive uma crise institucional que expôs as divergências históricas entre clubes e federações.
Os clubes argumentam que o atual sistema eleitoral perpetua o controle das federações sobre a entidade, em detrimento dos próprios clubes, que são os principais protagonistas do futebol nacional.
Chegada de Ancelotti em meio à crise
Toda essa turbulência ocorre às vésperas de um momento crucial para o futebol brasileiro: na segunda-feira, 27 de maio, Carlo Ancelotti será oficialmente apresentado como técnico da Seleção Brasileira. O italiano anunciará sua primeira convocação para os jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, contra Equador e Paraguai, em junho.
Ancelotti chega com autonomia assegurada pela atual gestão e respaldo de grandes nomes da seleção, como Neymar, Casemiro, Vinícius Júnior e Rodrygo. Sua missão é reverter a má fase da equipe, que ocupa a quarta colocação nas Eliminatórias, bem distante da líder Argentina.
E agora, o que esperar?
Apesar do boicote dos clubes, a eleição está mantida e Samir Xaud deve ser eleito por aclamação. No entanto, a ausência de parte significativa dos clubes levanta questionamentos sobre a legitimidade da futura gestão e sinaliza que a crise entre clubes e CBF tende a se aprofundar nos próximos meses.
A expectativa é que, mesmo com a eleição concluída, a pressão pela reforma do estatuto da CBF e por maior participação dos clubes nas decisões da entidade se intensifique, ampliando a disputa pelo futuro do futebol brasileiro.

fonte: folhadecg